O programa ‘Gente em Destaque’, da TV Câmara Jacareí, entrevista neste domingo (24), 21 horas, o jornalista Fernão Lara Mesquita, ex-diretor de redação do Jornal da Tarde (de 1989 a 2003) e ex-editor de opinião de O Estado de S.Paulo (de 1998 a 2003). Além de falar de sua trajetória e a de sua família, praticamente toda ela vinculada ao ‘Estadão’ até pouco tempo atrás, ele analisou e comentou fatos marcantes que ainda hoje estão fixados em sua memória.

“Algumas vezes tive de deixar o meu quarto e ir dormir com o meu irmão porque o meu quarto abrigaria algum perseguido político nos anos 60 e 70. Meu avô, Júlio Mesquita Filho, foi preso 17 vezes porque combatia a censura e teve de se exilar por duas vezes”, contou.

Desde 2013 a família Mesquita não possui mais o controle do ‘Estadão’. Para Fernão, a imprensa hoje tem um comportamento inadequado e informa mal. “Eu vivi para ver jornalistas, colegas, defendendo censura a outros jornalistas, defendendo prisões arbitrárias de deputados… Já havia visto isso lá atrás, mas agora, em pleno século 21? E estamos muito pior do que há 10 anos, e a tendência é não é de melhora. Não sou otimista.”

Quando o Jornal da Tarde parou de circular, no fim de 2012, Fernão não ficou surpreso. “Doeu em mim, porque era uma publicação que dava gosto de fazer parte. O ambiente era ótimo, havia jovens talentosos, as pautas saíam de onde menos se esperava. Mas, com o tempo, a crise veio. É como uma doença que vai contaminando, adoecendo e, enfim, termina.”

No bate-papo, ele também analisou a democracia como um todo e teceu ferinos comentários ao sistema políticos. “O Brasil ainda hoje não sabe o que é democracia como a da Suíça, por exemplo. Se me dessem a direção da TV Globo por 6 meses, garanto que o povo iria saber como funciona.” Fernão é defensor do voto distrital puro, com recall (que permite remover o mandato político a cada período determinado).

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