O escritor e jornalista Rafael Fontana é o convidado deste domingo (26), 21h, do programa ‘Gente em Destaque’, da TV Câmara Jacareí.
Há 8 meses lançou ‘Chinobyl’, livro onde narra a sua saga como turista e depois funcionário de algumas empresas em duas cidades da China. Ele, primeiro, visitou o país oriental em 2009. Seis anos mais tarde se mudou a trabalho.
“Logo na minha ida de 2009 sofri 2 golpes financeiros que quase me fizeram querer desistir de continuar lá. Eu estudava mandarim em Brasília e por isso pintou a vontade de conhecer a China. Como sou jornalista, queria também entender como funcionava as entranhas do Partido Comunista local (PCCh), que governa aquela nação desde 1949”, disse.
No bate-papo com o jornalista Rodrigo Romero, Fontana lembrou passagens de seu livro e analisou o comportamento dos chineses em assuntos como censura e religião.
“Em 2015 fui trabalhar como professor de português na China. Numa dessas aulas iniciais citei o livro ‘1984’, do George Orwell. Os alunos começaram a procurar a obra para comprar e não a achavam pela internet. Depois descobri que o livro é proibido em território chinês. Eu podia ter sido deportado por causa disso, mas não fui. E como a China é um estado ateu e comunista, é comum a perseguição às religiões, sejam elas quais forem. Eu frequentava missas em mandarim e em inglês na China e senti que o pessoal não apreciava isso muito. ”
O autor detalha as suas investigações acerca do PCCh e o envolvimento dos filiados em questões que envolvem segredos profissionais, por exemplo. Ao ser perguntado sobre a situação da empresa Chery, instalada em Jacareí e de procedência chinesa, Fontana não teve dúvidas: “Ninguém prospera negociando com a China. Esse caso da Chery é só mais um. O esquema é sempre o mesmo: eles vêm, constroem a fábrica, dentro dela há obrigatoriamente uma sala para um filiado do PCCh. Então, copiam as tecnologias alheias sem nenhum constrangimento. Depois de uns meses ou anos, quando percebem que podem se virar sozinhos, demitem funcionários, fecham a empresa e vão fabricar o produto na terra deles. ”
Ele ainda examinou as ramificações do Partido e detalhou como devem ser os próximos anos do país sob o comando de Xi Jinping, que está no governo da China desde 2012.
“O PCCh possui atualmente 94 milhões de filiados. Há várias subdivisões lá dentro, com brigas, tentativas de golpes etc. Em 2017 consegui participar da cobertura do congresso do PCCh que ‘reelegeu’ o Xi, que está no poder há 10 anos e deveria encerrar sua gestão agora em 2022, mas quis o terceiro mandato. Isso com certeza vai gerar atritos entre eles e pode ser, por mais mínima que seja a chance, uma possibilidade de o Partido explodir e a população se livrar deles de vez.”
Não perca! O programa irá ao ar nos canais 12 da NET e 39.2 na TV aberta.