PROJETO DE LEI

Dispõe sobre denominação da Avenida José Pires de Albuquerque.

 

 

 

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JACAREÍ, USANDO DAS ATRIBUIÇÕES QUE LHE SÃO CONFERIDAS POR LEI, FAZ SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL APROVOU E ELE SANCIONA E PROMULGA A SEGUINTE LEI:

 

 

 

Art. 1º        Fica denominada Avenida JOSÉ PIRES DE ALBUQUERQUE a atual Avenida Três, localizada no Jardim Leblon, Bairro Silveira, identificada pelo código 14306.

 

Art. 2º        Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

 

 

Câmara Municipal de Jacareí, 23 de novembro de 2013.

 

 

 

ROSE GASPAR

Vereadora – PT

1ª Secretária

 

 

 

 

 

AUTORA: VEREADORA ROSE GASPAR.

Projeto de Lei – Dispõe sobre denominação da Avenida José Pires de Albuquerque. – Folha 2

 

 

JUSTIFICATIVA

 

A presente propositura tem o objetivo de prestar uma singela e justíssima homenagem póstuma a um cidadão que embora tivesse nascido na cidade vizinha de Santa Branca, muito honrou a nossa sociedade e cidade, na época de sua vida, com seus exemplos de cidadania, profissionalismo, espiritualidade e luta pela justiça à classe operária, a qual pertenceu com muita dignidade e competência, laborando na antiga Companhia de Energia Light, antecessora da atual Bandeirante Energia, até o dia de seu falecimento, em 9 de julho de 1971.

Trata-se do Senhor JOSÉ PIRES DE ALBUQUERQUE, nascido em Santa Branca aos 19 de março de 1914; foi casado com SILVANA MARIA DE ALBUQUERQUE, com quem formou uma família com oito filhos: Elza, Maria do Carmo, Roberto, Fátima, Geraldo, Geralda, Vera Lúcia e José. De origem humilde, desde muito criança já trabalhava para ajudar seus pais. Sua lida diária era no campo, no roçado, trabalhando também como entregador de farinha.

Embora tivesse frequentado a escola na roça, dois anos apenas do curso primário, era um autodidata, muito politizado e atualizado aos temas da época; lia muitos jornais, revistas e livros; era detentor de muita sapiência cumulada pela vida ativa e de doação. Desde sua juventude era atuante pela causa dos operários, participando de movimentos como JOC (Juventude Operária Católica), movimento juvenil, fundado em 1925 na Bélgica, que se espalhou pelo mundo, sendo popular também, na época, em nosso País. Tal movimento Jocista, inspirou a criação da Pastoral da Juventude nas igrejas católicas do Brasil, na época da repressão política brasileira, pela ditadura militar, possibilitando que a juventude marcasse presença nas lutas pela justiça social em nosso País.

Aos 30 anos de idade, passou a trabalhar na Companhia de Energia Light, no então chamado “Quadrado da Light”,  local onde atualmente estão instaladas as torres da subestação da Bandeirante Energia, sucessora da Companhia Light, no início da Rodovia Nilo Máximo, que  liga as cidades de Jacareí e Santa Branca.

Era muito conhecido como “Zé Pires da Light”.

Projeto de Lei – Dispõe sobre denominação da Avenida José Pires de Albuquerque. – Folha 3

 

Seu carisma acolhedor, seu senso de justiça, seu gesto amigo se estendia desde as crianças aos mais idosos; sua bondade e caridade alcançavam desde o mais pequenino, o mais humilde ao mais letrado.

Era um homem de oração e ação. Tinha por devoção Maria Santíssima (especialmente com os nomes de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora do Carmo), se estendendo a São Francisco de Assis e São Vicente de Paulo, os santos dos mais pobres e humildes.

Sua espiritualidade se refletia em seus gestos. Tinha seu nome inscrito na Ordem Terceira Franciscana e seguiu os passos de São Vicente de Paulo, tornando-se Vicentino, na Conferência Vicentina do Sagrado Coração de Jesus, dedicando-se à causa dos mais pobres e humildes de nossa cidade.

No ano de 1969, dois anos antes de sua morte, a filha Elza Maria, a primogênita dos filhos, com muito sacrifício comprou um aparelho de televisão, raríssimo feito para época, pois o aparelho custava muito caro e poucos tinham o privilégio de ter um em casa. O Senhor José, então, convidava os pobrezinhos do asilo de São Vicente de Paulo a irem até a sua casa para também assistirem televisão. Eles iam à sua casa, assistiam televisão, tomavam café com a família do homenageado e depois voltavam para suas casinhas no asilo. Eles ficavam felizes e também faziam feliz toda a família, porque o Senhor José ensinava aos filhos repartir o que tinham, desde o pão até o lazer.

Havia um padaria na rua de sua casa, de propriedade do Sr. Bruno Furini, um italiano muito amigo do Senhor José. Todo pão que sobrava na padaria, o Sr. Bruno guardava e, em grande quantidade, em sacos de farinha, dava para o Senhor José levar aos pobrezinhos do asilo.

Várias vezes, os filhos iam com o pai levar aqueles pesados sacos de pão para distribuir aos pobrezinhos; era uma alegria e uma festa e tanta!

O Senhor José participava da Santa Missa todos os dias! Um dia, de manhã, ele chegou após a santa missa, super feliz em casa, contando para esposa e para os filhos que o Padre Geraldo Guimarães, então pároco da Paróquia Nossa Senhora Santíssima Trindade, no centro de Jacareí, o chamou para ajudá-lo a distribuir a Santa

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Comunhão. Na época não havia Diáconos e nem Ministros Extraordinários da Comunhão. O padre viu o Sr. José no meio da multidão e o chamou para ajudá-lo, justamente porque o padre conhecia a espiritualidade e o caráter do homenageado como cristão e cidadão.

Foi um mestre e educador nato! Ensinava os pormenores da vida, como ele sempre dizia “Ter dó de todos os viventes, sejam animais ou plantas”, mostrando assim o respeito aos animais, à natureza, ao meio ambiente. Adorava contar as histórias que lia nos livros, principalmente histórias de santos.

A seguir, segue breve relato do homenageado, feito pelo filho Geraldo:

“De personalidade alegre e cativante, meu pai se ajusta milimetricamente ao personagem do pai cantada pelo Padre Zezinho na canção “Utopia”. Quando ouço essa canção, eu visualizo meu Pai, parece que o Padre Zezinho está falando de meu pai: “ Eu muitas vezes vi meu pai chegar cansado, mas aquilo era sagrado um por um ele afagava e perguntava “quem fizera estripulias e mamãe nos defendia e tudo aos poucos se ajeitava. O sol se punha, a viola alguém trazia, todo mundo então pedia pro papai cantar com a gente. Desafinado, meio rouco e voz cansada ele cantava mil toadas, seu olhar no sol poente!”....

Papai era assim: Chegava do serviço à tardezinha, enquanto mamãe ainda estava cozinhando o feijão, ele tirava a viola da parede e cantava canções folclóricas para nós:  Aprendi muitas canções folclóricas com ele.

Inúmeras vezes, meu pai, ao chegar do trabalho, ainda cansado, tomava uma refeição rápida, calçava suas botas, apanhava sua foice, me chamava e íamos juntos capinar os terrenos baldios que circundavam a nossa casa. Papai limpava os terrenos, cantando, contando histórias para mim, ensinando-me a rezar. Jamais cobrou um centavo de qualquer dono dos terrenos por esses serviços.

Papai, de fé inabalável, teve, creio eu, ao meu conceito, um presente de Deus quando de sua passagem para a vida eterna:

Ele dizia que queria morrer quietinho, sem dar trabalho para ninguém e rezava sempre a oração para uma boa morte. Sendo devoto de Nossa Senhora

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do Carmo, afirmava que Nossa Senhora do Carmo vinha tirar do purgatório todo devoto, no primeiro sábado após a sua morte. A morte de meu pai, foi numa sexta-feira (09/07/1971) e o sepultamento foi no sábado (10/07/1971), sendo ainda que o seu velório foi acompanhado pela imagem peregrina de Nossa Senhora das Graças, que já estava programada para visitar a minha casa no dia 09 de julho, dia de seu falecimento. Tudo aconteceu como ele dizia e queria que fosse.

Tanto a sua vida neste mundo, quanto a sua morte, foram repletas de graças e feitos extraordinários, reflexos de uma vida honrada, dignificada com todo caráter e respeito e marcada pela caridade para com os mais humildes e pequeninos de nossa sociedade jacareiense.”

Assim, para que a memória do Senhor José Pires de Albuquerque seja homenageada e perpetuada, é que desejamos dar o seu nome a uma das vias do nosso Município. Foi uma pessoa que passou a vida fazendo o bem, lutando pela justiça social e pelos mais humildes. Assim, merece ser lembrado pelo exemplo de cidadão que foi e que até hoje emociona e infla de orgulho aqueles que dele se recordam.

Pelo exposto e com a certeza de que este projeto de lei merecerá a aprovação dos nobres pares, antecipamos agradecimentos subscrevendo-nos.

 

 

Câmara Municipal de Jacareí, 22 de novembro de 2013.

 

 

 

ROSE GASPAR

Vereadora – PT

1ª Secretária